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DESCOBRIR-SE NEGRO NO BRASIL: UMA NARRATIVA SOBRE O RACISMO EM TRÊS DIMENSÕES
Mauro Henrique Franzkowiak Martins, André Guirland Vieira, Honor de Almeida Neto

Última alteração: 12-11-2020

Resumo


O preconceito racial e o racismo, que subsistem até hoje, têm surgido em vários espaços sociais e institucionais, tanto a nível nacional como internacional. Ao falarmos de racismo, adotamos a construção de racismo estrutural proposta por Silvio Almeida[1], que constrói sua teoria a partir das três dimensões do racismo: o racismo individual, o racismo institucional e o racismo estrutural. O racismo estrutural é resultante da própria estrutura social, do modo com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares. A partir desta abordagem, apresentamos a problemática da construção de identidade negra e seus elementos que possibilitam a emergência das identidades individuais e coletivas. Em Munanga[2], entendemos os elementos constitutivos da identidade negra: a história, a cultura e o fator psicológico. O objetivo foi analisar o processo de construção da identidade negra através da narrativa de uma pessoa afrodescendente e demonstrar a potencialidade da narrativa de história de vida enquanto um instrumento de ressignificação de determinados fatos, que poderá contribuir para o fortalecimento de elementos da identidade negra às futuras gerações. Trata-se de uma pesquisa descritivo-analítica, com abordagem qualitativa, utilizando o modelo de entrevista narrativa proposta por Bauer e Gaskell[3]. A análise dos dados foi realizada de acordo com a proposta de Análise de Conteúdo na Modalidade Temática de Minayo[4]. Podemos dizer que a narrativa da história de vida pode ser um instrumento de ressignificação dos fatos passados. Através das histórias de vida e das narrativas destas histórias encontramos possibilidades para o reconhecimento das pessoas enquanto sujeitos socioculturais, originados de diversas experiências culturais. Esta ação contribui para a formação de novas cadeias de significantes para as futuras gerações e para ampliação dos direitos humanos. Tornam-se necessárias mais pesquisas sobre esta temática, principalmente para estimular jovens pesquisadores afrodescendentes a narrarem suas histórias de vida e encontrarem significado em suas próprias experiências.

Palavras-chave: Narrativas; Histórias de Vida; Racismo Estrutural; Identidade.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2020.

BAUER, Martins; GASKELL, George. (editores). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual Prático. Tradução de Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes. 2002

MINAYO, Maria C. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec. 2014.

MUNANGA, Kabelenge. Negrite e identidade negra ou afrodescendente: um racismo ao avesso? Revista da ABPN. V.4 n.8. jul-out. p. 06-14. 2012.


[1] ALMEIDA, 2020.

[2] MUNANGA, 2012.

[3] BAUER e GASKELL, 2002.

[4] MINAYO, 2014.


Texto completo: RESUMO