As doenças cárie e periodontal são eventos patológicos que podem ser exacerbadas ou acometer as gestantes em função de alterações fisiológicas da gestação. As alterações hormonais estão vinculadas com a saúde periodontal e alterações físicas como a redução do volume do estômago devido ao crescimento fetal pode provocar uma maior frequência na alimentação podendo ocasionar a formação de biofilme bacteriano levando a ocorrência de cárie. A atividade de cárie representa um fator fortemente associado à dor de origem dentária durante o período gestacional (Kruger et al., 2015). Portanto, verificar a prevalência e a satisfação de gestantes que utilizam os serviços odontológicos do SUS é fundamental para os gestores planejarem as ações de saúde bucal. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a prevalência e a satisfação das gestantes que utilizam os serviços odontológicos do SUS. Para a realização do estudo foram realizadas entrevistas face a face utilizando uma ficha de coleta de dados. As entrevistas foram realizadas na maternidade do Hospital Universitário do município de Canoas – RS. A coleta de dados foi realizada foi realizada de setembro a novembro de 2015. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ULBRA (Protocolo: 1.340.629). Após a coleta de dados foi elaborado um banco de dados no SOFTWARE SPSS 20.0. Participaram do estudo 302 puérperas e 67,5%(204) declararam ser de cor da pele branca; 57,6%(174) possuíam idade entre 14-25 anos; 64,9%(196) possuíam mais de 8 anos de estudo; 56,6%(171) declararam renda entre 1 a 2 Salários Mínimos; 81,5%(246) eram solteiras ou divorciadas. Com relação à saúde bucal foi possível verificar que 70,5%(213) gestantes foram orientadas a realizar pelo menos uma consulta odontológica, 51%(151) realizaram pelo menos uma consulta odontológica e destas que realizaram a consulta 86,8%(131) avaliaram a consulta odontológica como satisfatória e 74,8%(113) expressaram receio de consultar o dentista durante a gestação. A prevalência de utilização de serviços odontológicos relatado na literatura é em torno de 86%(Corchuelo-Ojeda e Perez, 2014), sendo que no presente estudo a prevalência foi de 51%. Esta diferença pode ser explicada pelas diferenças na metodologia, ou seja, o presente estudo envolveu apenas gestantes usuárias do SUS e os estudos em outros países envolvem gestantes que procuram serviços privados e públicos. Neste contexto, conclui-se que a prevalência de gestantes que utilizaram os serviços odontológicos foi baixa (51%) e aquelas que consultaram com o dentista a maioria avaliou a consulta odontológica como satisfatória (86%)(Codato et al., 2008).

Referências

1- Codato, L. A. B., L. Nakama, et al. Percepções de gestantes sobre atenção odontológica durante a gravidez. Ciência & Saúde Coletiva, v.13, n.3, p.1075-1080. 2008.

2- Corchuelo-Ojeda, J. e G. J. Perez. Socioeconomic determinants of dental care during pregnancy in Cali, Colombia. Cad Saude Publica, v.30, n.10, Oct, p.2209-18. 2014.

3- Kruger, M. S., C. A. Lang, et al. Dental pain and associated factors among pregnant women: an observational study. Matern Child Health J, v.19, n.3, Mar, p.504-10. 2015.