Eventos ULBRA, XI Salão de Extensão (Canoas)

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“O QUE TORNA VOCÊ MULHER?”: NARRATIVAS SOBRE O CORPO - NEG ULBRA SANTA MARIA
Yasmin Oliveira Costa, Mariana de Almeida Pfitscher, Luis Henrique Ramalho Pereira, Amanda Hoenisch Diehl

Última alteração: 10-09-2019

Resumo


Os significados construídos para o feminino, corpo que se apresenta, por um lado, como uma força redutora e aniquiladora da diversidade da mulher e, por outro, como uma força alienante para essa mesma mulher, requer uma caminhada pela história de como ser mulher foi pensado e representado. Se o século XIX negou o corpo da mulher como social, o século XX privilegiou o cultural e o XXI, enfatizou o corpo mercadológico ou objeto. A sociedade convida as mulheres, a seguir padrões de vida, de corpo, de sexualidade, de cultura, de agir, de pensar, expressar-se, influenciando-as a se adaptarem à concepção de instrumento de sedução, de submissão e de consumo. Partindo desse pressuposto, o projeto de extensão Núcleo de Estudos em Gênero (NEG), do Curso de Psicologia da ULBRA Santa Maria, se propõe a intervenções para ressignificar esses lugares socialmente construídos e instituídos em nossa sociedade. Com esse objetivo, se realizou a intervenção: “O que te torna mulher?” com objetivo de refletir sobre as narrativas discursivas de aspectos sociais e culturais que contribuem para a construção da representação da mulher na nossa sociedade. Enquanto metodologia, os alunos adquiriram um manequim, com objetivo de representar o corpo. Propuseram que o corpo com um “crachá”, com a pergunta “O que te torna mulher?”, circulasse pelos diversos corredores do Campus da ULBRA Santa Maria. O corpo estava acompanhado de uma caneta para que as pessoas inscrevessem os significantes sobre a pergunta provocada pelo mesmo. O corpo circulou por duas semanas, provocando estranhamentos, bem como, palavras contornadas no mesmo. Essa intervenção contou com o planejamento e discussão teórica nos encontros do projeto de extensão que ocorrem semanalmente. Assim, entre os resultados obtidos, além do movimento realizado pelos membros do NEG, a circulação do corpo, foram inscritas palavras como: sexualidade; ocupar o espaço que eu quiser; ser dona de mim; assistência; atitude; força; sou o resultado das minhas escolhas; empoderamento; mas também, embaixo dos cabelos da manequim, foi inscrito “lugar de mulher é lavando a louça”, frase escondida, mas representativa. Para Beauvoir (1949/xxx) “não se nasce mulher, torna-se”, deste modo, a intervenção foi relevante, pois os discursos sobre a mulher precisam circular, precisam estranhar e provocar. Se ainda, existem discursos que limitam a mulher ao lugar da cozinha, na condição de uma não escolha, é fundamental que intervenções que signifiquem a pluralidade de ser mulher possam ser contínuas.


Texto completo: RESUMO